Regularidade duvidosa

Muitos, que antes estavam ao meu lado na torcida avaiana, têm me criticado em relação às minhas incomodações quanto ao deste Avaí de 2017. Problema deles. Como eu não sou comentarista de resultado, cabe a mim analisar o contexto e não os detalhes. Portanto, diante de minhas vivências com o futebol ao longo dos anos, eu afirmo: Este Avaí é um fracasso!

– Ah, você não pode falar isto, ainda há muito campeonato a ocorrer!

Claro que sim, e campeonato é jogado e lambari é pescado. Eu não falo, por isso, deste Avaí ou deste resultado. Eu falo do conjunto da obra.

Quando a diretoria avaiana declara, abertamente, que luta contra o rebaixamento, ela está afirmando sem rodeios que o time é fraco e que os jogadores estão entre nabas e pernas de pau, jogadores que eles mesmos contrataram. Você jogaria num time onde a sua diretoria lhe avaliasse como naba ou pereba?

Eu pondero é em relação o próximo jogo, o próximo desafio. A cada rodada vive-se o medo por sofrer uma goleada ou a apreensão de que ponto se pode obter, onde não há atitude para se impor.

 Se estamos competindo num campeonato muito equilibrado e com qualidade técnica duvidosa, algo atestado por muitos, entrar na competição deste naipe com síndrome de pequeno e fracassado é burrice. Eu esperaria um FODA-SE por parte do time avaiano e ir com tudo para cima destes times que estão por aí. Nem mesmo o Corinthians é assim um bicho papão para se jogar com calma e paciência.

Assim, desta forma, falta coragem para este grupo, situação alentada por uma diretoria covarde e por uma comissão técnica acomodada.

A desculpinha esfarrapada de não fazer aventuras não engana, haja vista as tolices aprontadas por esta diretoria. Deem valor à história deste clube, pelo menos.

O Avaí será rebaixado com todas as pombas e circunstâncias se não mudar de atitude e a comissão técnica não parar de inventar a cada jogo. Para que este quadro mude, a primeira decisão é mandar seus treinadores embora, ou então se exija que mantenham o jogo de tática vitoriosa e a disposição de força e energia em todos os jogos. O jogo do Avaí é este da partida contra o Vitória e não aquele do jogo contra o Atlético Paranaense ou contra o Palmeiras.

Quem vê futebol com olhos sinceros e não como bobão de arquibancada sabe do que eu falo. E que alguém me aponte onde estou mentindo.

Sem surpresas

Sabe aquela melhoradinha da morte? O sujeito está mal numa UTI e a família comemora que “ele deu uma respiradinha”? Pois é, este é o caso do Avaí. É muito fácil falar do Avaí. Está muito tranquilo analisar o time. Sem qualidade, joga por uma bola, não propõe o jogo, joga na retranca e se deixa dominar infantilmente. Qualquer analista de futebol hoje, no Brasil, não precisa mais do que dois neurônios para deitar uma falação sobre o nosso time. Mas, por que o Avaí Futebol Clube se dispõe a isto?

Porque é covarde.

A velha máxima de que luta contra o rebaixamento, que sua meta é não cair, se esfarela com as bobagens feitas pela diretoria. Já esmiuçamos isto no texto A história recontada em prosa, verso e goleada. Não é comportamento de quem luta para não cair e muito menos de quem quer economizar para zerar dívidas. Como eu disse neste texto, estão devendo para todos, mas pagando rodadas para os amigos.

Se a desculpa for a de não fazer aventuras para não atrasar salários e aí o time pode não render, então se atrasar pode ser que a motivação para jogar aumente e o time volte a vencer? Por aí o leitor inteligente já percebe as teses furadas.

Aliás, quem luta para não cair deve jogar mais e se esforçar mais do que os outros. Se estiver sendo comprovado que tem limitações, a dedicação do grupo de jogadores deve ser maior. Mas o Avaí transpira mais do que pensa, obviamente.

E a covardia leva a direcionar a culpa nos outros. É calendário apertado que esgota o time, contusões que tiram o entrosamento, suspensões, juízes mal intencionados, falta de sorte nas jogadas, enfim, tudo serve de bengala para mascarar a falta de capacidade de reação. Ora, o time tem força, já demonstrou isto, teve resultados que surpreenderam até o mais fanático torcedor, mas que não se repetem porque a covardia dos treinadores avaianos e falta de capacidade para dispor um grupo em campo são mais claras que a luz solar.

O Avaí não empolga ninguém, nem a ele mesmo. Quem acompanha futebol já antevê que a cada jornada teremos um jogo chato, com falta de qualidade técnica, sem empolgação e com resultados praticamente esperados. Não consegue, sequer, mandar em casa. O Avaí se empenha em negativar a lógica do futebol, aquela da caixinha de surpresas. Não existem surpresas em jogos do Avaí.

E então, chovem, pelas redes sociais, blogs e assemelhados, as famosas manifestações de autoajuda e orações, aquelas coisas feitas por desesperados, de quem tem que acreditar em algo para ter conforto, tem que torcer, um “vamo, vamo” ensurdecedor.

Ora, torcer para quem não quer reagir, desculpe, mas é perda de tempo.

A história recontada em prosa, verso e goleada

Afinal, o que quer o Avaí Futebol Clube no campeonato brasileiro da Série A?

O discurso vazio, covarde e comum é jogar para não cair e é difundido pelos quatro cantos da Ressacada. A falação mostra-se sem consistência, obviamente, porque apresenta erros inventados e repete erros trazidos do passado. Porém, atenua-se tudo para ficar bacaninha e se busca uma verdade que cabe numa colher de chá.

Sejam dirigentes, jogadores e comissão técnica ou até por alguns torcedores, sabe-se que o Avaí decidiu não fazer aventuras e terminar as gestões maçônicas do Amado e do Amadinho sem dívidas. Eu até achei que o Avaí iria mudar de razão social e criar uma faculdade de Economia, tal o empenho em se repetir o mantra de não fazer dívidas e zerar as pendências financeiras. Do futebol jogado dentro das quatro linhas pouco se fala. A não ser, é claro, quando de uma boa vitória, porque aí os dirigentes correm serelepes em busca de dourados microfones que lhes queiram ouvir.

É preciso dizer uma coisa para estes dirigentes avaianos e para torcedores que acham que o mundo é cor de rosa: todos os clubes de futebol no mundo, eu disse TODOS, fazem dívidas. Os que mantêm a conta no vermelho são aqueles bobalhões que não sabem gastar, como tem sido o caso desta diretoria e de outras passadas. Querer mudar o buraco da roda agora é estupidez elevada ao cubo.

Eu penso que quem não quer fazer aventuras no âmbito do futebol (e até em outras áreas da vida) e quer fazer uma gestão enxuta para pagar suas dívidas deve começar pelo dever de casa dentro de casa. Deve dar exemplos e alimentar a esperança de que as coisas se resolverão, bastando o sacrifício de todos.

Ninguém tem a fórmula mágica para isto, mas é preciso ter bom senso. Ocorre que não se vê isto acontecer no Avaí. Quem quer fazer economia para pagar as dívidas não pode, por exemplo, recontratar gente para o quadro funcional. Sei de ex-empregados do clube que voltaram, por exemplo, por agradar demais o chefe. Sei que a meta desta gestão era diminuir o quadro de funcionários, enxugar máquina, como é dito nos meios neoliberais, mas a realidade é bem outra. Tem sido outra, diga-se!

Um clube de futebol, por exemplo, que queira economizar, deve investir nas categorias de base como um homem sedento busca água após sair do deserto. Deve usar os jogadores da base antes de chamar medalhões de fora. Deve ser parcimonioso ao contratar jogadores de capacidade técnica duvidosa, porque naturalmente haverá recontratações lá na frente. Mas o Avaí inventa a roda e contrata singelos desconhecidos e empresta seus atletas da casa, cuja técnica é bem superior a quem vem de fora. Por que isso? Pode ser qualquer coisa, menos economia pra pagar dívida.

O Avaí não tem um departamento de marketing capaz o suficiente para inovar na sua marca, por exemplo. Não busca investimentos. Não tem um patrocinador top para movimentar os seus ativos. Depende do quadro de sócios, alimentado em peças de marketing pífias e faz contratos com fornecedores de corar o seu Manoel da quitanda.

Fez uma campanha ridícula em competições como a Copa do Brasil e a Primeira Liga, que poderiam lhe trazer mais grana, suporte que daria mais substância aos cofres. Mas o Avaí não quis isso. Ele não se empenhou e esnobou estas competições.

Eu imagino, também, que quem esteja com pouco dinheiro no bolso não sai pagando rodadas para os amigos. Nem vou chamar de burrice porque ofenderia os bichinhos. Quem quer fazer economia deve pensar nos passos que dá, se os sapatos têm solas grossas e olhar para a própria casa, para ver se não tem vazamento de água ou fio de luz roubando energia. Quem quer fazer economia não deixa a torneira pingando e ainda sorri para isto.

E, além do mais, o Avaí quer ser o soldado que vai para a guerra sem dar um único tiro. Ao final, infelizmente, vai ser baleado e ainda vai ter que pagar o curativo.

A vida do Avaí, na série A, é a daquele sujeito que vai a restaurante de rico e só come torradinha seca e suco de groselha, sem açúcar que é para não usar colherzinha. Mas quando chega em casa ele abre a dispensa e se empanturra com o que tem, porque obviamente esta passando fome. E o fim disto, não adianta enganar e nem posar de torcedor-símbolo, todos nós sabemos.

Somos medíocres e medianos

Quando se participa de um campeonato, de uma competição, de uma disputa, sejam de quaisquer tipos, de quaisquer esportes, de quaisquer jogos, e ao ser derrotado se acha que isto é normal e esperado, a vontade de vencer aquelas disputas onde se deve ganhar pode não existir mais.

Ninguém entra numa prova da escola esperando tirar zero. Um soldado não vai para uma guerra antecipando que vai morrer ou tomar um tiro. Um carro de corrida não disputa uma prova já contente por chegar em último lugar. Portanto, um time de futebol não pode se acomodar porque perdeu um jogo cujo resultado era esperado.

Competição existe, exatamente, para se competir. Perder ou vencer fazem parte, mas não podem ser encaradas como naturais, independente do resultado. Vencer não dá direito a nenhum competidor relaxar para as próximas partidas, assim como perder não deve ser tratado como natural diante de um adversário teoricamente mais forte.

É desta postura da instituição Avaí a qual eu reclamo, sempre. É deste derrotismo declarado por todos, sejam torcedores, dirigentes ou jogadores, diante das dificuldades, que eu falo. Não é que o Avaí tenha que vencer todas as partidas e ser campeão mundial que eu proponho, mas que não se conforme com as derrotas, alegando ser pequeno humilde e sem qualidade.

Se vencer os fracos é natural, porque não se impor diante dos fortes?

Enquanto esta natureza conformista continuar a ser adotada seremos eternamente o que nos consideramos: medíocres, medianos e sem competência.

Tem força, falta jeito

A nossa linha de argumentação quanto ao desempenho do Avaí nesta temporada reside, naturalmente, em duas coisas: time fraco, do ponto de vista técnico e contratações esdrúxulas, com o aval da comissão técnica. Portanto, na falta de “algo melhor”, joga-se sempre no limite da transpiração e com medo. Todavia, isto não pode ser atestado de fracasso.

Ao elogiarmos com orgulho nosso zagueiro-guerreiro Alemão e ao reverenciarmos a personalidade, a técnica e a explosão do goleiraço Douglas, estamos admitindo, sem querer, que o Avaí sofre pressão o tempo todo e que abdica de atacar para fortalecer a defesa, mas junto a isso admitimos uma suposta fraqueza propagada pela diretoria e comissão técnica, o que corrobora a avaliação acima.

Sim, é bacana se apreciar um time que se entrega até os últimos suores para não tomar gol e defende sua meta com um esmero impressionante.  O Avaí, em sua campanha, tomou uma média de 1 gol por partida e demonstra ter capacidade de se defender como ninguém. Contudo, o que criticamos é a postura covarde de diretores e comissão técnica.

Se formos analisar friamente o campeonato brasileiro, a maioria dos times, grandes ou pequenos, joga exatamente no mesmo estilo do Avaí, apostando na marcação, fechando os caminhos para a entrada da área e exibindo goleiros fortes e determinados com boa qualidade técnica. Usa-se até expressões moderninhas, que é jogar por uma bola, não propor o jogo e dar a bola para o adversário, algo que se dizia no passado “jogar na retranca”.

Então, se é assim, porque não se dizer que pretendemos uma vaga na sul-americana ou mesmo na Libertadores? Por que se intimidar diante de quem joga parecido conosco? Qual a razão de se declarar um fracassado e sem ambição, se pela média não devemos nada para ninguém?

Os torcedores donos do clube dizem que é o Avaí e não o Barcelona, se quisermos ver um futebol bonito. Óbvio que é assim, mas dizer que se deseja algo a mais além da aceitação de ser saco de pancadas, quando não é, não faria mal a ninguém e daria mais valorização a quem luta com todos os esforços.

O Avaí pode fazer algo a mais do que ser um mero 16º. colocado do campeonato, basta mudar o discurso. Basta querer. O primeiro passo já temos, que é a força e a disposição do grupo. Falta a seguinte etapa, que é acreditar ser possível e que não temos medo de cara feia. A terceira fase cabe à torcida, que é se fazer presente e levar o time no colo.

Nada disso é difícil e que se deixe de lenga-lenga chorosa. O Avaí está provando que pode muito mais, basta querer ser.

Voo de galinha

É difícil de acreditar, mas o Avaí é aquele tipo de time que consegue a insuperável marcar de fazer errado nas piores horas. É sério. Não conheço outro time no futebol brasileiro que seja capaz das façanhas mais estapafúrdias do que as deste meu time.

Ele é candidatíssimo a rebaixamento, mas aí se supera em jogos memoráveis e então, quando parece que a coisa pode engrenar, ele consegue os piores feitos e as piores jornadas. E, mais incrível ainda, coisas feitas por ele mesmo.

Quer ver uma coisa?

O time joga três partidas arrumadinho, acertado, com todo mundo pegando junto, tendo o seu goleiro como sensação da rodada, um atacante em ascensão, a zaga pegando forte, a marcação encaixada e aí, quando se pensa no “agora vai”…. os treineiros avaianos quebram a velha máxima do futebol, a de que time que está ganhando não se mexe. E mexeram. E escangalharam tudo.

O que é que os treineiros avaianos tinham que colocar esta inhaca de Marquinhos em campo? Deosolivreô.

– Ah, mas o Juan jogou mal.

Sim, cara-pálida, todo time joga mal, porque tem que jogar em função dele, nas limitações dele, cobrindo a falta de mobilidade dele, falta de marcação, a não-imposição de jogo. Jogamos sempre com um a menos. Mas será o benedito que ainda não se percebeu isto?

Eu já disse que estava quase largando. Pois na próxima rodada, se a escalação vier com Marquinhos Santos como titular eu mudo de rota. Nem chego perto da Ressacada. Não dá mais.

Um chocolate muito amargo

A rodada prognosticava ao Avaí tomar um chocolate gorduroso e volumoso diante do Grêmio, em plena Arena, e voltar para casa com o bagageiro cheio. Seria daquelas goleadas gigantescas, apoteóticas, absurdas e incontestáveis.

Tirando os torcedores que se acham donos do clube, os torcedores exaltados e aqueles iludidos, o restante dos 90% de torcedores (este blogueiro incluso) não acreditava que o Avaí viesse com um resultado positivo de Porto Alegre. Um empate era a constatação de um milagre. Uma vitória, então, seria um sonho.

Mas, o chocolate que seria saboroso para o Grêmio ficou amargo, azedo e rançoso. Ele esbarrou contra uma autêntica muralha, o goleiro Douglas Neuer, do Avaí, em tarde mais do que inspirada e fazendo todos se perguntarem, já no seu terceiro jogo, qual multa o técnico Claudinei deverá pagar à direção do clube, ou qual satisfação dará à torcida por sua teimosia em manter o goleiro Koslinski por muitas rodadas.

Eu sou da opinião de que as pessoas devem ter suas convicções, manter ideias fundamentadas, emitir uma apreciação, um conceito, um juízo sobre qualquer assunto e defendê-lo como lhes convier. Mas as circunstâncias podem fazer o gajo mudar um conceito ou uma visão, em razão do benefício que será obtido lá na frente. A sua manutenção, mesmo sob fortes reveses, indica teimosia, murrinha, capricho e pirraça, o que pode comprometer, por exemplo, um projeto sério, ainda mais sendo um dos responsáveis pelo projeto.

A propósito, quem sabe um pouquinho daquilo que se joga dentro das quatro linhas do futebol, admite sem errar que o Avaí subiu em 2016 para a Série A graças ao goleiro Renan, responsável por 70% do acesso. E que não renovou por melindres, que isto fique bem claro. Muito foi avisado, portanto, que esta mudança agora, dos goleiros, deveria ocorrer, pelo óbvio que foi assistido neste domingo, mas a comissão técnica avaiana preferiu se fazer de surda e adotar uma postura que só ela sabe. Assim como a diretoria executiva, que agora vem a público lavar roupa suja e tentar se livrar das trapalhadas de um projeto o qual ela também é responsável.

É a população de inventores da roda querendo ser mais necessitada que o gás da Coca.

E então a gente percebe, depois de algumas mudanças tão requeridas terem sido atendidas, que os resultados são aqueles que já se antecipavam lá atrás.

Felizmente, alguns jogadores estão se superando e, ao menos, fazendo um campeonato com alguma dignidade, por que, se fôssemos depender de dirigentes e treinadores avaianos…

Quem cai tem que subir

Diversos clubes no futebol mundial, ao cair para séries inferiores, se organizaram e voltaram por cima fazendo, inclusive, bons campeonatos nas séries principais. Cair de série significa que algo deu errado e isto não é obviedade e nem redundância, é constatação que muita gente arrogante acaba não avaliando.

É o caso de clubes como o Avaí, por exemplo, que tomam o apelido de golfinho, porque, ao cair, não avaliam os erros de planejamento e as atitudes, ficando apenas no discurso songa-monga de “falta de dinheiro”. Aliás, sequer fazem alguma iniciativa para ganhar dinheiro, apelando para as migalhas oferecidas pelas redes de TV.

Clubes que querem participar de um campeonato, mas sem muitas ambições dá nisso aí. O lamento de falta de dinheiro não convence mais, se você está sempre no limite. Aliás, isto ocorre com 90% dos clubes do futebol brasileiro e o Avaí não está fora disso.

E aí vamos bater, sempre, na mesma tecla: gastar com parcimônia.

Não dá para jogar uma série A e indo no pau a pau com as outras equipes? Se organize na Série B. Se estruture ali. Coloque jogadores das categorias de base junto com alguns mais experientes e monte um time ao menos competitivo.

Não dá para fazer isto também na B? Faça na Série C. Se organize por lá e suba com os cofres arejados.

– Ah, mas a torcida não vai se conformar.

Foda-se!

Ué, não estão dizendo que o Avaí joga a Série A apenas pra se manter, pra não cair? Então também seja sincero e diga, com todas as palavras e verbos, que jogará uns três anos na Série B ou mesmo na C, até se organizar. Isso é planejamento e não o que fazem agora, trocando o pneu com o carro andando.

Quer arrumar dinheiro? Comece com um plano de marketing decente, profissional, ativo e dinâmico para, por exemplo, agregar sócios. Um plano no qual os sócios se sintam verdadeiramente “donos do clube” e não um arremedo para lhes tirar dinheiro e oferecer agruras, mazelas, choros livres e desculpas furadas. Comece por aí.

Porque, quando as dificuldades vierem, estes “sócios” serão capazes de retomar a vida do clube e fazê-lo voltar ao caminho e ao rumo das grandes vitórias.

O sono da feijoada

Se tivermos dois times de futebol em campo, um que não saiba propor um jogo de ataque e outro que abdique de atacar, veremos o que? Se o leitor disser empate, acertará a metade. Teremos, também, um jogo murrinha, chato e sem graça. O famoso jogo não-quero-e-não-gosto-de-jogar-futebol. E fazendo beicinho e batendo o pezinho.

Sim, quando a gente considera que numa partida de futebol o objetivo é fazer gol para vencer o jogo, e os dois times em campo não se dediquem a isto, teremos uma partida sofrível. Pois foi o que (não!) fizeram Avaí e Ponte Preta nesta tarde/noite friazinha de domingo, na Ressacada. Não jogaram bola. Houve algumas ameças, um ataquezinho aqui ou ali, uma jogadinha meia-boca, mas no geral foi uma sonolência detestável para quem joga numa Série A de campeonato brasileiro.

Depois do bônus de vantagem dado ao técnico Claudinei Oliveira pelo goleiro Douglas, na partida vitoriosa contra o Botafogo (sim, o técnico do Avaí seria demitido naquele jogo), imaginava-se que, agora em casa, a boa fase invicta de um jogo seria aproveitada e o treinador botaria o time para jogar bola, ao invés daquele joguinho cerca-lourenço que ele costuma fazer.

Que nada!

O Avaí entrou em campo, jogando em casa, com a “quase” obrigação de vencer um adversário direto na luta pelo rebaixamento, sem muita força e poder de decisão e caindo na esperteza da Ponte Preta, que também não queria jogar.

Alguns jogadores, que antes renderam alguma coisa, deixaram-se cair na marcação eficiente do adversário, mantendo-se travados o tempo inteiro. Foi um jogo sonolento e indigesto, bem ao estilo de quem come uma feijoada pesada.

De concreto, sabe-se que o time tem um meio de zaga sólido, um goleiro de primeira linha, e um ataque que até pode render alguma coisa lá nas próximas rodadas. O restante ainda deve bastante e, a se manter assim, nos mandará para a Série B mais rápido do que se imaginava.

As viúvas de ex-jogadores, sem dúvida, vão se deliciar com isto.

A zebra que ruge

Meus amigos, como é bom escrever um texto após uma vitória importante do Avaí. Uma partida jogada na força e na garra características do Leão. Era algo que a gente clamava desde o segundo turno do catarinense, quando alguns dentro do clube acharam que já eram o Barcelona e desprezaram o jeito de jogar futebol. Evidentemente que foi uma zebra astronômica, uma vez que era dada como certa a derrota acachapante do Avaí, sob todos os aspectos.

O prognóstico não nos era favorável, exceto pela comissão técnica, por alguns jogadores (sim, nem todos acreditavam), alguns diretores e por aqueles torcedores que se acham donos do clube, aqueles que dizem que só se pode ir ao estádio para torcer. O resto, a maioria, cravava coluna um de olhos vedados, este blogueiro inclusive. Mas, o Avaí derrubou cartoleiros, alterou a lógica das redes sociais e desfez todas as festas patrocinadas pelos meios de comunicação, que veriam, segundo eles, uma goleada histórica dada pelo Botafogo no Engenhão.

É bom dizer que não saímos apenas da incômoda lanterna. Não foram apenas mais três pontos para a continuidade do campeonato. Esta vitória representa que há muito o que fazer e que ainda há possibilidade de se almejar algo melhor ali na frente. Foi uma valorização do campeonato, jogando com determinação e não uma singela troca de posições.

Porém, eu faço uma pergunta? Precisava passar por tudo isto?

Fazendo uma análise rápida do jogo, fizemos uma partida correta, como deve ser para nossas limitações. Pelo contexto do campeonato e pela diferença de elencos, era evidente que o Botafogo iria pressionar o Avaí. E depois de haver tomado dois gols, a pressão foi maior ainda. Mas a entrega dos jogadores e aliado à excelente atuação do goleiro Douglas “Neuer”, o Avaí conseguiu uma vitória fabulosa para a continuação do campeonato.

E é nisso aí que volta a se fazer a ficha cair. Tivemos um goleiro na Série B que praticamente deu o acesso ao Avaí. O jogo contra o Botafogo, a propósito, foi igualzinho ao que se viu no ano passado. Alguém se lembra do jogo contra o Vasco? Portanto, minha publicação referente a goleiros continua de pé.

Esperamos, contudo, que esta situação se repita. Se é para ficar na Série A e não fazendo aventuras, como jogamos na Série B, que se mantenha o goleiro e se volte com a velha raça. É o que nos basta!